Somos condescendentes com nossos apetites, e por este motivo, nossa saúde é constantemente sacrificada. Somos intemperantes no hábito de comer e beber. Comemos e bebemos até que a satisfação de nossos apetites seja saciada, acarretando a destruição do corpo e da mente. Em decorrência deste comportamento, enfermidades são passadas de geração em geração. Pois, a satisfação do comer e beber entorpece as faculdades dos homens. A razão, em vez de ser dominadora, tornou-se escrava do apetite numa proporção alarmante. Acariciamos cada vez mais o desejo por alimentos lautos, até que tornamos moda abarrotar nossos estômagos com todos os petiscos possíveis. Especialmente em reuniões, onde o prazer é satisfazer os apetites sem nenhuma restrição. Servimos cardápios opulentos, que consistem em carnes fortemente condimentadas, com ricos molhos, doces, pães, massas, sorvetes, refrigerantes, sucos e bebidas alcoólicas. Então não é de admirar que, com tal hábito alimentar, as pessoas tenham feições pálidas e sofram de dispepsia.
O nosso corpo suporta, com protestos, as transgressões das leis da vida, por um determinado tempo; mas em algum momento vem a retribuição, e esta cai tanto sobre as faculdades físicas como mentais.
No inicio, no surgimento do homem, ele se contentava com o alimento natural, os frutos da terra, a natureza provia todo o alimento que o homem necessitava. Mas, em momentos de escassez, o homem, através de seu intelecto, percebeu que podia se alimentar da carne de outros seres, tal como via na natureza de outros animais, até que os recursos naturais voltassem a ser abundantes.
Nos dias atuais temos uma ampla variedade de alimentos sadios. É abundante o suprimento de frutas, legumes, verduras e oleaginosas, e ano após ano os produtos de todo o mundo são distribuídos de maneira ampla, pelas crescentes facilidades de produção e de transporte. Em consequência, muitos alimentos caros e considerados de luxo, estão agora, ao alcance de todos, como alimentos de uso diário. Assim, um hábito alimentar reformador da saúde é hoje fácil de ser implementado. Não temos mais motivos de não avançarmos na luz do conhecimento crescente, e vivermos preferencialmente de alimentos puros da terra.
Devemos entender que a fome é uma ferramenta da natureza, uma mensagem da mente subconsciente a indicar os alimentos necessários para a nutrição do corpo. A fome fala através da mente consciente, pedindo alimentos que contenham os elementos nutricionais necessários ao organismo. A fome é um guia seguro, e sempre indicará os alimentos que devem ser ingeridos.
O apetite, por outro lado, é um pedido ou um desejo anormal por comida ou bebida. É uma sensação, um hábito adquirido, e, portanto, não é a exigência natural do corpo por alimento.
Hoje é cada vez mais difícil fazer a distinção entre sensações de fome e apetite. Uma vez que, a maioria das pessoas está consciente de que tem apetite, mas muito poucos experimentam as sensações de verdadeira fome, é especialmente difícil descrever a sensação de fome a alguém que nunca a experimentou e sempre comeu de acordo com os ditames de seu apetite.
Todo homem que sabe a diferença entre fome e apetite, alimenta-se orientado pela fome nunca sofrerá de indigestão ou de problemas gastrointestinais. Pois a fome exige exatamente a quantidade necessária de alimento para a nutrição do corpo em que ela se manifesta. O apetite, por sua vez, é uma sensação corrompida, não natural e adquirida, que induz uma pessoa a comer quando não sente fome. A contínua satisfação dos apetites é a maior causa das enfermidades do mundo contemporâneo.
Aquele que pensa ter desenvolvido uma sede por cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica, está enganado; não têm sede alguma. Se tivesse realmente sede, beberia água, pois, nenhuma outra bebida seria capaz de satisfazer esta sede tão bem como a água. Saiba que você é o próprio criador de qualquer apetite que possua, e se você permitir que a satisfação de seu apetite te destrua, você será destruído por algo que você mesmo criou. Adquirimos apetites por coisas pelas quais nunca teremos fome, como pelo fumo, pelo álcool e pelas drogas; a isso, damos o nome de vícios.
Quando desenvolvemos um apetite, estamos de acordo com a lei do hábito, tornando-nos influenciados por ele. Hábitos prolongados, impõem efeitos patológicos fixos aos órgãos e tecidos do corpo. Conforme o apetite, lotamos nosso corpo de pães, bolos, açúcares em geral, bebidas e quaisquer outras coisas prejudiciais. Não gozamos de saúde e estranhamos o fato de sofrermos de dores, enxaquecas, e várias outras doenças. Sobrecarregamos o nosso corpo, deixando-o exausto. O corpo se degrada pelo constante trabalho de digerir alimentos não saudáveis. Daí o desejo de comer com frequência.
A voz subconsciente da fome só poderá ser verdadeiramente ouvida quando eliminarmos tudo que possa tentar o nosso apetite. Experimente! Você se surpreenderá com a verdadeira satisfação de comer quando está de fato com fome.
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